domingo, 3 de maio de 2020

Memórias


       Olá, neste post contei um pouco sobre minhas memórias e resolvi escrevê-las em dois tipos de gêneros textuais, uma narração em 1ª pessoa e um poema em 3ª pessoa, nos quais eu quis mostrar o quanto os professores da Educação Infantil juntamente com o empenho e dedicação da família, podem colaborar com a adaptação de uma criança quando começa a frequentar a escola e que mesmo com todos os desafios e dificuldades, ser professor é muito gratificante e nos traz muitas realizações! 
       
       
   Recordações...

      Tudo aconteceu no Triângulo Mineiro, em meados de 1968, nas imediações de uma cidadezinha chamada Frutal. Numa propriedade rural,  moravam meus pais e uma irmã mais velha. A casa humilde era rodeada apenas por algumas plantas, mas um córrego de águas límpidas margeava aquele lugar.
       Numa manhã linda de vinte e oito de outubro, deste mesmo ano, em um hospital da cidade eu nasci, bem pequenina,  cercada de muito amor e já com muita vontade de viver.
        O tempo foi passando e aos quatro anos, veio nossa primeira mudança, meu pai troca a fazenda, constrói uma nova casa e mudamos para ela.
       Aos sete anos, chega a hora de frequentar a escola,  eu que nunca havia saído de perto da minha família, deixo o aconchego do meu lar, aquela vida livre com muitas brincadeiras, passeios pelos campos e córregos, e vou residir na cidade com meus avós maternos. Fui matriculada na primeira série, não era necessário fazer o pré (Educação Infantil),  e minha irmã um pouco mais velha já cursava a terceira série e a três anos se mudara.
       Tive muita dificuldade na adaptação, caçulinha e mimada, chorava, dizia que estava doente e não ficava na escola, teve dias em que minha irmã me levou na escola até três vezes. Mas como tudo passa, comecei a me interessar pela alfabetização, minha querida professora, muito amável  e carinhosa, me cativou, me colocava no colo, agradava e fui tomando gosto pelos estudos, a oração que ela fazia, a Ave Maria cantada nunca saíram de minha cabeça.
         O método silábico pelo qual fui alfabetizada, a cartilha do Carequinha, o Livro As Mais Belas Histórias, foram alguns recursos que Dona Nilzinha utilizou para nos ensinar tão bem. Depois vieram as outras séries e novas professoras que muito contribuíram para o meu aprendizado.
      Alguns anos depois, agora na sexta série, voltamos a morar na fazenda, mas os estudos continuam, de bicicleta, de carro ou de carroça, éramos levadas para estudar, meus pais nos incentivavam com palavras, mas nunca nos ajudava em nenhuma tarefa e nem iam nas reuniões pedagógicas. Uma tia, que tinha as filhas na mesma escola, pegava nossa carteirinha com as notas bimestrais.
         Sempre apresentei facilidade, mas não era a primeira da sala, pois nunca fui de ficar presa nos livros estudando, então as notas não eram as melhores.
         O tempo passou, estava no primeiro colegial, comecei a namorar, deixei a escola e me casei e vim morar na cidade.
          Constitui a minha tão sonhada família com a chegada do meu primogênito, Danilo.
          No ano de mil novecentos e oitenta e nove, a volta para a escola se tornou inevitável.
Comecei a cursar o primeiro colegial, difícil adaptação, casada, com um filho, faço parte de uma turma de adolescentes impulsivos, cheios de brincadeiras e eu mais madura, sofri bastante. O ano passou e fui para o segundo colegial, neste ano sem perspectivas de que futuro escolar teria, aparecem dois anjos da guarda que me incentivam a cursar o magistério e me tornar professora, foi aí, que me transferi de escola e fui cursar o magistério numa escola particular chamada Presidente Vargas.
           Formei  no ano de mil novecentos e noventa e um, e  no ano seguinte fui trabalhar nesta escola como professora do quinto ano. Lá trabalhei por vinte e cinco anos.
      Lecionando no quinto ano e sempre com muita vontade de aprender, vem a necessidade de ter um curso superior, começo então a cursar Letras EAD, com encontros mensais,  com bastante dificuldade pagava as mensalidades e fazia aquela infinidade de trabalhos; ainda durante o curso comecei a lecionar em outra escola, aulas de Literatura e Língua Portuguesa.
         Neste período, comemoro a chegada do meu segundo filho, o temporãozinho da casa  e da família, o Heitor.
     Alguns anos mais tarde vêm a oportunidade de fazer uma pós-graduação semipresencial em Supervisão Escolar, numa cidade vizinha. Terminada a pós, um novo concurso municipal, prestei e passei, no ano de dois mil e dezesseis, deixo a escola particular, onde trabalhei por vinte e cinco anos e tomo posse  em um Cemei como Supervisora Pedagógica.
       Sempre trabalhando em duas escolas, com dois cargos, prestei concurso também para efetivação no estado e consegui passar, efetivando em um cargo de aulas de Língua Portuguesa.
        Ainda tentando estudar, surgiu a oportunidade de fazer mais uma pós-graduação EAD, Língua Portuguesa e Docência no Ensino Superior. Concluí.
         Recentemente trabalhando com crianças menores, me bateu a vontade de cursar Pedagogia, mas como trabalho o dia todo, optei por um curso EAD.
          Aqui estou para mais este desafio e bastante aprendizado.


                                                                   
                                                                        Recordações...

Em Frutal, Minas Gerais
Aos 28 dias de outubro
Nascia uma menininha
Bem pequenininha, mas cheia de vida.

O tempo foi passando
Os sete anos chegaram
E com eles a hora
De ir para a escola.

Morar com os avós
Longe dos pais
Deixar a fazenda, o aconchego do lar
Para se adaptar em outro lugar.

Conhecer a nova escola
Os colegas e a professora
Mas nada agrada a menina
Que chora e se desatina.

O tempo passa depressa
O carinho da amada professora,
A companhia dos colegas,
As primeiras letras e a escrita
E com elas a tão sonhada alfabetização.

Nos finais de semana,
A hora de matar a saudade dos pais
A volta para casa, os passeios livres
As visitas e as brincadeiras.

Na 6ª série a volta
Definitiva ao lar,
A irmã começa a namorar
E com os avós não podem mais ficar.
Agora, a rotina muda
De bicicleta, de carroça ou de carro
Toda manhã a ida para a cidade
A caminho da escola.

Enfim, a menina se torna moça
E decide se casar e a escola deixar
O casamento é consumado
Mesmo contra a vontade dos pais.

Acontece então, a chegada do primeiro filho
O pequeno Danilo,
A família agora está formada
A alegria é geral.

Mas a volta à escola
Torna-se inevitável
E a mocinha, agora mulher
Mais responsável.

Começa a cursar o magistério
E educadora se formar
Daí a três anos começa
Nesta mesma escola trabalhar.

É hora de se graduar
O curso de letras começa a cursar
E começa a ministrar aulas
Mesmo antes de se formar.

Então acontece o nascimento do Heitor
O segundo filho, caçula da família
A felicidade se completa
E os aprendizados também.

Vem a hora de prestar os concursos
Estudar para passar
Mais estabilidade ganhar
E em uma escola se fixar.

Outra mudança acontece
A escola de 25 anos é deixada
Para pegar agora uma coordenação
Em um Centro Municipal de Educação.

Na vida da menina surgiu mais um desafio
A busca por mais uma graduação
Começa a cursar Pedagogia
Em busca de mais uma realização. 



Autora: Ednamar Aparecida Oliveira
Frutal, 03 de Maio de 2020.









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