Olá, neste post contei um pouco sobre minhas memórias e resolvi escrevê-las em dois tipos de gêneros textuais, uma narração em 1ª pessoa e um poema em 3ª pessoa, nos quais eu quis mostrar o quanto os professores da Educação Infantil juntamente com o empenho e dedicação da família, podem colaborar com a adaptação de uma criança quando começa a frequentar a escola e que mesmo com todos os desafios e dificuldades, ser professor é muito gratificante e nos traz muitas realizações!
Recordações...
Tudo aconteceu no Triângulo Mineiro, em
meados de 1968, nas imediações de uma cidadezinha chamada Frutal. Numa
propriedade rural, moravam meus pais e
uma irmã mais velha. A casa humilde era rodeada apenas por algumas plantas, mas
um córrego de águas límpidas margeava aquele lugar.
Numa manhã linda de vinte e oito de
outubro, deste mesmo ano, em um hospital da cidade eu nasci, bem pequenina, cercada de muito amor e já com muita vontade
de viver.
O tempo foi passando e aos quatro anos,
veio nossa primeira mudança, meu pai troca a fazenda, constrói uma nova casa e
mudamos para ela.
Aos sete anos, chega a hora de
frequentar a escola, eu que nunca havia
saído de perto da minha família, deixo o aconchego do meu lar, aquela vida
livre com muitas brincadeiras, passeios pelos campos e córregos, e vou residir
na cidade com meus avós maternos. Fui matriculada na primeira série, não era
necessário fazer o pré (Educação Infantil), e minha irmã um pouco mais velha já cursava a
terceira série e a três anos se mudara.
Tive muita dificuldade na adaptação,
caçulinha e mimada, chorava, dizia que estava doente e não ficava na escola,
teve dias em que minha irmã me levou na escola até três vezes. Mas como tudo
passa, comecei a me interessar pela alfabetização, minha querida professora,
muito amável e carinhosa, me cativou, me
colocava no colo, agradava e fui tomando gosto pelos estudos, a oração que ela
fazia, a Ave Maria cantada nunca saíram de minha cabeça.
O método silábico pelo qual fui
alfabetizada, a cartilha do Carequinha, o Livro As Mais Belas Histórias, foram
alguns recursos que Dona Nilzinha utilizou para nos ensinar tão bem. Depois
vieram as outras séries e novas professoras que muito contribuíram para o meu
aprendizado.
Alguns anos depois, agora na sexta
série, voltamos a morar na fazenda, mas os estudos continuam, de bicicleta, de
carro ou de carroça, éramos levadas para estudar, meus pais nos incentivavam
com palavras, mas nunca nos ajudava em nenhuma tarefa e nem iam nas reuniões
pedagógicas. Uma tia, que tinha as filhas na mesma escola, pegava nossa
carteirinha com as notas bimestrais.
Sempre apresentei facilidade, mas não
era a primeira da sala, pois nunca fui de ficar presa nos livros estudando,
então as notas não eram as melhores.
O tempo passou, estava no primeiro
colegial, comecei a namorar, deixei a escola e me casei e vim morar na cidade.
Constitui a minha tão sonhada família
com a chegada do meu primogênito, Danilo.
No ano de mil novecentos e oitenta e
nove, a volta para a escola se tornou inevitável.
Comecei
a cursar o primeiro colegial, difícil adaptação, casada, com um filho, faço
parte de uma turma de adolescentes impulsivos, cheios de brincadeiras e eu mais
madura, sofri bastante. O ano passou e fui para o segundo colegial, neste ano
sem perspectivas de que futuro escolar teria, aparecem dois anjos da guarda que
me incentivam a cursar o magistério e me tornar professora, foi aí, que me
transferi de escola e fui cursar o magistério numa escola particular chamada
Presidente Vargas.
Formei
no ano de mil novecentos e noventa e um, e no ano seguinte fui trabalhar nesta escola
como professora do quinto ano. Lá trabalhei por vinte e cinco anos.
Lecionando no quinto ano e sempre com
muita vontade de aprender, vem a necessidade de ter um curso superior, começo
então a cursar Letras EAD, com encontros mensais, com bastante dificuldade pagava as
mensalidades e fazia aquela infinidade de trabalhos; ainda durante o curso
comecei a lecionar em outra escola, aulas de Literatura e Língua Portuguesa.
Neste período, comemoro a chegada do meu
segundo filho, o temporãozinho da casa e
da família, o Heitor.
Alguns anos mais tarde vêm a
oportunidade de fazer uma pós-graduação semipresencial em Supervisão Escolar,
numa cidade vizinha. Terminada a pós, um novo concurso municipal, prestei e
passei, no ano de dois mil e dezesseis, deixo a escola particular, onde
trabalhei por vinte e cinco anos e tomo posse em um Cemei como Supervisora Pedagógica.
Sempre trabalhando em duas escolas, com
dois cargos, prestei concurso também para efetivação no estado e consegui
passar, efetivando em um cargo de aulas de Língua Portuguesa.
Ainda tentando estudar, surgiu a
oportunidade de fazer mais uma pós-graduação EAD, Língua Portuguesa e Docência
no Ensino Superior. Concluí.
Recentemente trabalhando com crianças
menores, me bateu a vontade de cursar Pedagogia, mas como trabalho o dia todo,
optei por um curso EAD.
Aqui estou para mais este desafio e
bastante aprendizado.
Recordações...
Em Frutal, Minas Gerais
Aos 28 dias de outubro
Nascia
uma menininha
Bem
pequenininha, mas cheia de vida.
O
tempo foi passando
Os
sete anos chegaram
E
com eles a hora
De
ir para a escola.
Morar
com os avós
Longe
dos pais
Deixar
a fazenda, o aconchego do lar
Para
se adaptar em outro lugar.
Conhecer
a nova escola
Os
colegas e a professora
Mas
nada agrada a menina
Que
chora e se desatina.
O
tempo passa depressa
O
carinho da amada professora,
A
companhia dos colegas,
As
primeiras letras e a escrita
E
com elas a tão sonhada alfabetização.
Nos
finais de semana,
A
hora de matar a saudade dos pais
A
volta para casa, os passeios livres
As
visitas e as brincadeiras.
Na
6ª série a volta
Definitiva
ao lar,
A
irmã começa a namorar
E
com os avós não podem mais ficar.
Agora,
a rotina muda
De
bicicleta, de carroça ou de carro
Toda
manhã a ida para a cidade
A
caminho da escola.
Enfim,
a menina se torna moça
E
decide se casar e a escola deixar
O
casamento é consumado
Mesmo
contra a vontade dos pais.
Acontece
então, a chegada do primeiro filho
O
pequeno Danilo,
A
família agora está formada
A
alegria é geral.
Mas
a volta à escola
Torna-se
inevitável
E
a mocinha, agora mulher
Mais
responsável.
Começa
a cursar o magistério
E
educadora se formar
Daí
a três anos começa
Nesta
mesma escola trabalhar.
É
hora de se graduar
O
curso de letras começa a cursar
E
começa a ministrar aulas
Mesmo
antes de se formar.
Então
acontece o nascimento do Heitor
O
segundo filho, caçula da família
A
felicidade se completa
E
os aprendizados também.
Vem
a hora de prestar os concursos
Estudar
para passar
Mais
estabilidade ganhar
E
em uma escola se fixar.
Outra
mudança acontece
A
escola de 25 anos é deixada
Para
pegar agora uma coordenação
Em
um Centro Municipal de Educação.
Na
vida da menina surgiu mais um desafio
A
busca por mais uma graduação
Começa
a cursar Pedagogia
Em
busca de mais uma realização.
Autora: Ednamar Aparecida Oliveira
Frutal, 03 de Maio de 2020.
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